quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Iceberg de 19 quilômetros flutua em direção à Austrália


Massa 'descolada' da Antártida tem o dobro da área de Hong Kong.

Foto do iceberg B17B foi divulgada nesta quarta-feira (9).
Do G1, com informações da France Presse
Tamanho da letra

Foto: France Presse/HO/AAD

A marcha dos icebergs: superfragmento com o dobro da área de Hong Kong foi flagrado pela Nasa em novembro (Foto: France Presse/HO/AAD)


Foto divulgada nesta quarta-feira pela Divisão Antártica Australiana e registrada pela Nasa, a agência espacial americana, mostra o iceberg B17B, massa flutuante com o dobro do tamanho de Hong Kong (cerca de 19 km de extensão), em direção à costa oeste australiana. A imagem foi captada em 5 de novembro. Cientistas consultados pela France Presse afirmaram que eventos como este ocorrem uma vez a cada século.

A saga dos icebergs nos mares do sul tem sido acompanhada com interesse por cientistas. Em meados do mês passado, em uma ocorrência muito rara, um iceberg foi fotografado a partir da praia de Sandy Bay, na costa leste da Ilha Macquarie, 1,5 mil quilômetros a sudeste da Tasmânia, na Austrália.


Foto: AP/Australian Antarctic Division, Eve Merfield

Estranho no ninho: enquanto leão marinho toma sol, membro da frota de icebergs que se descolou da Antártida segue seu caminho rumo à Nova Zelândia (Foto: AP/Australian Antarctic Division, Eve Merfield 24-11-2009)

Poucos dias depois, cientistas informaram que quatro icebergs se aproximavam da Nova Zelândia e, naquele momento, se encontravam a cerca de 400 quilômetros de distância do sul do país.

Os icebergs estariam se deslocando rumo ao norte a uma velocidade de 1,25 km/h. Singrando águas mais quentes, tinham começado a se deteriorar. Chegou-se a falar em alerta naval, pelo risco de choque de embarcações com essa frota inusitada de superfragmentos de gelo. Os iceberg procedem provavelmente da Plataforma de Gelo de Ross, que se rompeu entre 2000 e 2002, segundo Mike Williams, cientista do Instituto de Pesquisa Atmosférica e Água.

Fenômeno similar ocorreu em novembro de 2006, quando um grupo de enormes blocos flutuantes chegou a 25 km do litoral sul da Nova Zelândia, após navegar 13,5 mil quilômetros.

Foto: AFP/Stephen Jaquiery

Precedente em 2006: grupo de enormes blocos flutuantes chegou a 25 km do litoral sul da Nova Zelândia (Foto: AFP/Stephen Jaquiery)

Estudo indica que total de fumantes no país caiu 47% em 19 anos




MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo


O Brasil reduziu em 47% o número de fumantes nos últimos 19 anos, segundo um estudo comparativo feito pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) a partir de dados do IBGE. Em 1989, o país tinha 32,4% de fumantes na população com idade a partir de 15 anos. No ano passado, eram 17,2%.
A queda corresponde a uma população de 21,4 milhões, segundo Liz Almeida, médica epidemiologista do Inca que fez o estudo. Seria como se dois países com a população de Portugal deixassem de fumar no período de 19 anos.

A conta da queda parte da premissa de que, se o índice de 1989 seguisse inalterado, os fumantes hoje seriam 46 milhões. Como o IBGE encontrou 24,6 milhões de dependentes de fumo no ano passado, a redução foi de 21,4 milhões.

A meta da OMS (Organização Mundial de Saúde) é que os países reduzam o consumo de tabaco em 2% ao ano. O resultado brasileiro ultrapassa esse índice em dez pontos percentuais --se o Brasil tivesse a redução defendida pela OMS, a queda teria sido de 38%.

Não há pesquisas iguais a essas duas em outros países --daí a dificuldade de comparação. Dados similares, porém, apontam que a queda brasileira foi superior à dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Japão.

Nos EUA, o índice de fumantes homens caiu 18% em 17 anos --de 28% da população em 1990 para 23% em 2007. No Reino Unido, a redução dos homens que fumam foi de 25,8% de 1990 a 2006. No Japão, a queda foi de 34%, mas o índice de fumantes segue alto --40%, o maior entre os países desenvolvidos.

A maior queda no Brasil ocorreu entre os mais jovens, de acordo com a comparação. Nas faixas etárias de 15 a 24 anos e de 25 a 44, houve uma redução de 53,8% no percentual de fumantes no período.

Já a menor queda foi entre aqueles que têm de um a três anos de estudo (33,6%). O índice é inferior ao encontrado entre aqueles que estudaram menos de um ano (35,6%).

A autora do estudo atribui a queda às políticas adotadas a partir dos anos 1990. "É um resultado impressionante porque o Brasil usou poucos recursos para conseguir essa redução."

As políticas tiveram início em 1996, com a restrição ao fumo em ambientes fechados. Quatro anos depois, o governo vetou a publicidade. Em 2002, adotou imagens de alerta nos maços.

O dado mais impressionante, para ela, foi o fato de os mais jovens terem deixado de fumar numa proporção superior aos dos mais velhos. "As imagens de alerta nos maços e o fim da publicidade foram fundamentais para o público jovem não começar a fumar", afirma.

Ainda segundo ela, o Brasil só manterá essa tendência de queda se avançar na legislação. A medida mais importante, diz, é a aprovação de uma lei federal que proíba o fumo em ambientes fechados, similar à existente no Estado de São Paulo.

Lula envia ao Congresso projeto que torna hediondo crimes de corrupção



PUBLICIDADE
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Em meio às denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta quarta-feira encaminhar ao Congresso projeto de lei que torna hediondos os crimes de corrupção no país quando cometidos por "altas autoridades" da administração pública federal, estadual e municipal.
O objetivo do governo, segundo o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União), é considerar como crimes hediondos a corrupção ativa, passiva, concussão e o peculato, com o aumento das penas para os aqueles que cometerem essas irregularidades.
"O projeto de lei torna hediondo o crime de corrupção quando cometido a partir de um determinado nível de autoridades, que gozam de prerrogativas maiores, dispõem de poder decisório maior. Os crimes de corrupção e correlatos, como peculato e corrupção ativa e passiva, serão considerados crimes hediondos", disse Hage.
Ao ser classificada como crime hediondo no projeto de lei, a corrupção passa a ser crime inafiançável quando cometida por autoridades do primeiro escalão. Se o crime for de responsabilidade de servidores públicos que não ocupam cargos de alto escalão, o projeto não prevê que o crime seja hediondo.
A proposta, porém, estabelece penas maiores para todos aqueles que cometerem crimes de corrupção, aumentando o tempo de prisão temporária para quem desviar recursos da administração pública. "Os crimes serão incluídos nas hipóteses de prisão temporária, que deixará de ser submetida de cinco a dez dias, para ser submetida ao limite de 30 a 60 dias. É um ato da maior relevância que estamos tomando", afirmou. O projeto propõe que as penas mínimas para os crimes de corrupção subam de dois para quatro anos.
A criação do projeto ocorre dias depois de vir à tona o chamado "mensalão do DEM", um suposto escândalo de corrupção no governo do Distrito Federal que teria a participação do governador José Roberto Arruda (DEM). Pelo suposto esquema, empresas conveniadas com o governo do DF repassariam propina a integrantes do Executivo local, que encaminhariam os recursos aos deputados distritais da Câmara Legislativa do DF.
O governador nega envolvimento no escândalo ao afirmar que recebeu recursos durante a campanha eleitoral de 2006, para a compra de cestas de Natal e panetones à população de baixa renda.
O projeto precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional para entrar em vigor.
Comemoração
Hage anunciou a decisão do governo de pedir que o Congresso torne hediondos os crimes de corrupção para as "altas autoridades públicas" no Dia Internacional de Combate à Corrupção. Assim como o ministro, Lula e autoridades do governo federal participam nesta manhã de cerimônia em comemoração à data.
O ministro da CGU disse que o principal desafio do governo é reverter a "tradição da impunidade" no Brasil no que diz respeito a atos de corrupção nas administrações públicas. Hage afirmou que o governo federal tem como uma de suas prioridades investir na prevenção da corrupção, assim como ampliar a transparência na gestão pública.
"A corrupção envolve um corrupto e um corruptor. Por isso é preciso agir dos dois lados. Nesse sentido, passamos a aplicar a lei também contra as empresas corruptoras. Várias delas já foram declaradas inidôneas e, com isso, proibidas de contratar com a administração pública."
Segundo o ministro, os atos de corrupção também atingem as empresas privadas, por isso devem ser combatidos "sem trégua" pelo governo federal. "O governo brasileiro não se encontra mais nem na acomodação da tolerância, nem na mera lamentação dos males causados pela corrupção", afirmou o ministro.